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Descubra mais sobre as perspectivas para o mercado Angolano no Relatório Especial 2020: Angola Resposta à COVID-19 – que analisa os esforços do país para criar oportunidades de investimento, retomar as atividades de exploração petrolífera e tomar medidas fiscais proativas que permitam aumentar a liquidez neste período. Faça download deste e de outros relatórios especiais AES aqui.
Antes do início da COVID-19, Angola preparava-se para aumentar a sua produção petrolífera para 1,4 milhões de barris por dia (bpd) na sequência da introdução de um novo regime de royalties e de impostos destinado a impulsionar o investimento no setor da energia.
A COVID-19 veio afetar gravemente o sector, provocando uma queda subsequente nos preços do petróleo. Como resultado dos cortes liderados pela OPEP, a produção angolana está atualmente mais próxima dos 1,1 milhões de bpd. Em resposta à crise, o governo tomou várias medidas fiscais próactivas para aliviar os pagamentos da dívida, reavaliar o seu orçamento e aumentar a liquidez das empresas du- rante este período. De acordo com uma sondagem da Africa Oil & Power (AOP), metade dos inquiridos espera que o mercado angolano recupere dentro de três a cinco anos.
No entanto, permanece um lado positivo: como a COVID-19 levou à repatriação de trabalhadores estrangeiro do sector petrolífero, surgiu a oportunidade paraasempresasnacionaispreencheremovazio,para além de servir como mecanismo de poupança de custos num cenário de petróleo a baixo preço. De acordo com outra sondagem da AOP, 85% dos inquiridos acreditamqueaCOVID-19 éumaoportunidadepara melhorar o desenvolvimento de conteúdos locais.
Da mesma forma, a necessidade de Angola diversifi- car, mesmo dentro do sector energético, nunca foi tão urgente, através da monetização do gás natural, extração de riqueza mineral e capacidades domésticas de refinação e fabrico (combustíveis, petroquímicos, fertilizantes, etc.).
A construção de refinarias continua a avançar e poderia oferecer uma solução para compensar as receitas perdidas enquanto apoia as necessidades de consumo doméstico de Angola. Ao contrário de vários dos seus vizinhos produtores de petróleo e gás, Angola não viu cancelado nenhum dos proje- tos de grande escala devido à COVID-19 e tem procurado manter a sua produção, de acordo com as quotas emitidas pela OPEP.
Entre Março e Maio de 2020, o principal operador do país, a gigante francesa Total, produziu mais de 600.000 barris por dia (bpd) nos blocos 17 e 32, e o seu FPSO da Dalia atingiu recentemente o valor histórico de produção de mil milhões de barris de petróleo.
É possível que os operadores atrasem alguns poços de exploração de instalações maiores para dar prioridade a projetos de ciclo mais curto, tais como os projectos da Total Zinia Fase 2 e Clov Fase 2 no Bloco 17, e o Caril Pop-Up e Mostarda Leste no Bloco 32.

Apesar de a Total ter interrompido operações com três dos seus navios de perfuração no início da COVID-19, a sua plataforma de águas profundas Skyros foi reativada de novo em Julho e a Maersk Voyager deverá recomeçar no final de Agosto. A Seadrill West Gemini, que anteriormente estava adormecida ao largo da Namíbia, está também prevista para retomar a atividade. Entretanto, a gigante Americana Chevron cancelou o seu contrato com a plataforma VALARIS DS-8 offshore, com planos para se concentrar na produção de custos mais reduzidos nos campos existentes.
Felizmente, as recentes extensões de licenças concedidas antes da COVID-19 ao Bloco 14 (até 2028), Bloco 17 (até 2045) e Bloco 15 (até 2032) poderão aliviar o tempo e a pressão financeira na conclusão de programas de perfuração, e esperase que as atividades offshore, aquisições sísmicas e operações de produção e manutenção não rotineira aumentem na segunda metade deste ano. Em termos de novas descobertas, a ronda de licenciamento de 2020 continuará a oferecer nove blocos offshore nas bacias do Kwanza e do Baixo Congo, mas com um calendário ajustado.
Com 75% da produção de Angola vinda de campos offshore, os protocolos de segurança e viagens foram implementados em bases em terra. Todo o pessoal que chega deverá permanecer à chegada durante 14 dias em instalações aprovadas pelo Ministério da Saúde. Após um teste negativo para a COVID-19 após as duas semanas passadas em auto-isolamento, o pes- soal é autorizado a deslocar-se ao largo da costa. Apenas a manutenção essencial é autorizada, e as rotações da tripulação para o pessoal offshore foram prolongadas enquanto as substituições programadas estão em auto-isolamento nas instalações monitorizadas em terra.
Tanto os operadores como as empresas de serviços continuam a trabalhar em estreita colaboração com o governo em questões relacionadas com a saúde e a segurança. Como resultado da colaboração imediata forjada entre os sectores público e privado, não ocorreram incidentes de segurança, e a produção de Angola permaneceu em grande parte inalterada, com exceção do cumprimento das quotas emitidas pela OPEP.