Mamadou Diop, Diretor de Marketing e Desenvolvimento de Negócios da Invest in Africa
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A Energy Capital & Power (ECP) falou com Mamadou Diop, Diretor de Marketing e Desenvolvimento de Negócios da Invest in Africa (IIA) sobre como a empresa está a ajudar as PME locais a aumentar a sua participação no setor do petróleo e gás do Senegal. Ao apresentar às PME locais uma vasta gama de oportunidades, assistência financeira e promoção do papel crucial que estas têm no setor energético emergente da região, a IIA compromete-se a melhorar a capacidade regional e a impulsionar o crescimento socioeconómico.
Pode apresentar uma visão resumida da Invest in Africa, por favor?
A Invest in Africa foi fundada em 2012 e é uma parceria intersetorial de empresas que trabalham em conjunto para desenvolver a capacidade e competência dos fornecedores e das PME locais, ao criar um melhor acesso às técnicas, aos mercados e aos financiamentos. No centro da AII estão os nossos parceiros empresariais, internacionais e locais, de todos os setores, que partilham o compromisso comum de impulsionar as empresas locais e de criar empregos. A IIA já teve influência em cinco países africanos, nomeadamente no Gana desde 2013, no Quénia desde 2015, no Senegal desde 2018, na Mauritânia em 2019 e no Zâmbia em 2020. O objetivo da IIA é gerir o conteúdo local para as empresas internacionais, especialmente daquelas presentes nos setores extrativos.
Viemos para o Senegal em 2018 e trabalhámos com dois dos principais agentes do país, a BP e a Woodside. Eles repararam no grande trabalho que a IIA efetuou no Gana e no Quénia, portanto pediram para nos estabelecermos no Senegal e gerir o conteúdo local para eles. No Senegal, o nosso orçamento é maioritariamente coberto pela BP e a Woodside. Por isso, não cobramos às PME por quaisquer serviços que lhes possamos prestar. Relativamente ao nosso impacto atual no Senegal, conseguimos facilitar ou acolher 57 concursos na plataforma da IIA e 26 PME locais ganharam contratos com vários clientes na plataforma (tanto agentes como prestadores de serviços de Alto Nível).
O acesso ao financiamento é um dos maiores desafios que as empresas em África enfrentam, muitas vezes devido ao custo elevado do crédito. O que é que a IIA faz para ajudar os seus parceiros a obterem um melhor acesso ao financiamento e, assim, serem capazes de realmente executar os seus projetos?
O que fizemos na IIA Senegal foi mapear os diferentes desafios que as PME enfrentam no acesso ao financiamento e assinámos uma parceria com três bancos regionais: o Orabank, o Credit du Senegal e o Ecobank. O objetivo desta parceria é fazer com que os bancos nos deem os seus critérios de empréstimo e, com base neles, identificamos as PME que cumprem esses critérios na nossa plataforma. Depois, preparamos essas PME e enviamo-las aos bancos para o financiamento. No entanto, a decisão recairá sempre para o banco, dependendo se quiserem financiar ou não.
Desde o último ano, facilitámos cerca de 4.1 milhões de dólares de financiamento. O objetivo da IIA é de facilitar, até 2027, cerca de 1 mil milhão de dólares de contratos às PME africanas, criando assim 100.000 postos de trabalho. Quando olhamos para os impactos, sem considerar a nossa atividade no Senegal até à presente data, só no Gana e no Quénia, já conseguimos facilitar cerca de 3,5 milhões de dólares de contratos e criámos ou apoiámos 36.000 postos de trabalho.
O que é que a IIA faz para promover uma maior inovação que ajude os seus membros a aumentar a produtividade e desempenho, e em que medida é que desenvolver os recursos humanos aqui no Senegal pode contribuir para este objetivo?
Penso que o PSE é muito importante e é a visão do Presidente Macky Sall. Uma vez que há uma nova descoberta de petróleo e gás no Senegal, isto assenta muito bem. Por isso, acreditamos que investir em recursos humanos é fundamental para o sucesso contínuo do país. Na IIA estamos a explorar a melhor forma de trabalhar com o governo e a ver como podemos trazer o nosso apoio e know-how para ajudar a atingir os objetivos do Presidente para elevar a economia local ao próximo nível e estabelecer programas que possam ser benéficos para a nossa juventude e para as gerações futuras a partir destes novos recursos de hidrocarbonetos.
Que papel é que acha que projetos como o Grande Tortue (GTA), ou Sangomar irão ter na transformação da indústria senegalesa e da economia do país durante os próximos cinco a dez anos?
Acreditamos que haverá, sem dúvida, uma enorme transformação. O que estamos a ver atualmente são algumas PME locais a tentar cumprir com as normas internacionais, na esperança de ganharem contratos com os diversos agentes e prestadores de serviços. No entanto, no círculo externo das três camadas, existe o que nós às vezes chamamos de “frutos mais fáceis de apanhar”, que são oportunidades imediatas que podem ser capturadas por nacionais. É por esta razão que a função da IIA é informar as PME locais sobre as oportunidades, para que possam estar atentas e mais bem posicionadas para capturarem estas oportunidades de negócio. Isto porque, no final do dia, se as PME locais não estiverem cientes das principais oportunidades no setor do petróleo e gás, estas serão, eventualmente, capturadas por empresas estrangeiras.
É por isso que a IIA as informa, apoia e ajuda relativamente às normas internacionais que precisam de cumprir. É a razão pela qual organizamos regularmente workshops para ajudar as PME locais a atualizarem-se. Foi também por isso que contactámos o Banco Africano de Desenvolvimento e lhes dissemos que precisávamos do seu apoio para fazermos o nosso trabalho de forma ainda mais eficiente, para que a maioria das PME locais possam lucrar, porque trabalhar no setor do petróleo e gás requer certificações internacionais, e é muito caro ser certificado. Com as EPI e o resto da indústria de petróleo e gás, é como se fosse a Liga dos Campeões. Portanto, a verdade nua e crua é que se não estiverem ao nível da Liga dos Campeões, não conseguirão jogar.
A IIA trabalha, atualmente, com várias entidades importantes na indústria do petróleo e gás. Quais é que foram alguns dos desafios, até agora e o que é que têm feito para que a relação entre as EPI e a IIA continue a crescer?
SÓ posso falar sobre a BP e a Woodside, porque foram elas que nos trouxeram para aqui e que deram as informações necessárias que permitiram à IIA chegar onde está hoje. Elas têm apoiado. No final do dia, o petróleo e o gás no Senegal é um setor novo e ninguém o conhece aprofundadamente, porque as descobertas de grande magnitude são muito recentes. Este é um setor emergente no Senegal, e é por isso que é importante apoiar os agentes locais.
A IIA tem estado envolvida, ao longo dos anos, numa série de conferências de investimento, webinars e eventos. Que impacto é que acha que essas conferências de topo, como a próxima MSGBC Oil, Gas, & Power 2021, podem ter na promoção de investimentos no setor energético e no desenvolvimento de novas oportunidades de negócio na região de MSGBC?
Acho que a visibilidade que se procura é alcançada quando se faz uma parceria com o Ministério do Petróleo e Energia, a COS-PETROGAZ e a COPERES, porque estas são as principais instituições que, basicamente, englobam tudo relacionado com o setor do petróleo, gás e das energias renováveis, aqui no Senegal. Como tinha referido, temos, aproximadamente, 1.776 PME de confiança na nossa plataforma, isto porque também recebemos um forte apoio do governo e das EPI. Também acreditamos que a conferência MSGBC Oil, Gas & Power 2021 irá ser fenomenal, e estamos convencidos de que muitas empresas estarão presentes, pois será de interesse saber que o Senegal descobriu petróleo e gás e que está muito bem posicionado para se tornar um jogador importante na Bacia de MSGBC. Haverá muitos tópicos que serão discutidos, como o setor da Energia, as oportunidades de exploração de petróleo e gás, o novo ciclo de licenciamento, a revolução do gás natural, e muitos mais. Isto será muito importante para as PME locais, para poderem reunir-se com todas as empresas internacionais e facilitar as parcerias comerciais e a cooperação em novos projetos.
Para concluir a nossa entrevista, qual seria a sua mensagem final para os investidores sobre o Senegal e o potencial do país como destino de investimento, e porque é que devem considerar a parceria da IIA ao fazerem negócios na região?
Eu diria que os receberia de mão aberta no Senegal por ser um país muito estável. Em segundo lugar, queremos assegurar que as empresas locais também recebem a sua parte da quota de petróleo e gás. Por isso, acolhemos todas as empresas internacionais que estejam dispostas a entrar em Parcerias Comerciais com PME locais que resultem em transferência de conhecimentos, porque é essencial que as PME locais também tenham as capacidades de o fazer por conta própria dentro de 5 a 10 anos. Acolhemos os investidores que venham ao Senegal, porque este é um setor totalmente novo para todos nós, e elas vão definitivamente precisar dos conhecimentos e da experiência na indústria do petróleo e do gás, bem como do seu know-how. A longo prazo, o Senegal será capaz, a determinada altura, de jogar este jogo sozinho.
Em resposta à crescente demanda por energia renovável e ao crescente interesse das partes interessadas internacionais em investir, desenvolver e ter sucesso na África, a Energy Capital & Power realizará a conferência e exposição MSGBC Oil, Gas & Power 2021 em 2-3 de dezembro de 2021. Focada no aprimoramento de parcerias regionais, estimulando o investimento e o desenvolvimento nos setores de petróleo, gás e energia, a conferência unirá as partes interessadas internacionais regionais com oportunidades africanas, servindo como uma plataforma orientada para o crescimento para o setor de energia da África.
Saiba mais sobre a conferência aqui: