Antes do início da crise da COVID-19 e dos cortes de produção liderados pela OPEP que tiveram efeito a partir de 1 de Maio, Angola estava prestes a assistir a um aumento da produção. Em Fevereiro, o país registou um nível de produção de 1,39 milhões de barris por dia (bpd), mais 15.000 bpd do que em Janeiro. Desde meados de 2019, várias empresas de grande dimensão alargaram também as licenças de produção em bloco existentes, refletindo um impulso inicial para aumentar a produção. A Maersk Drilling recebeu contratos para uma campanha de exploração de três poços da Total E&P em Janeiro, em linha com o esforço para produzir novas descobertas. O projeto inclui dois poços ao largo de Angola no Bloco 32 e no Bloco 48, enquanto que um poço offshore ao largo da Namíbia apresenta a profundidade de águas mais elevada alguma vez perfurada na zona. A campanha tem uma duração estimada de 240 dias e inclui dois poços opcionais, demonstrando o empenho dos exploradores em tirar partido da área existente e em trazer novas descobertas para a produção.
No entanto, no meio da crise da COVID-19, vários grandes operadores estão a reduzir drasticamente as despesas de capital. A multinacional italiana Eni e a francesa Total, por exemplo, reduziram o investimento na exploração e produção em 25% por todo o continente, em 2020. Em Angola, a Total suspendeu o desenvolvimento dos seus projetos em áreas satélites de ciclo curto que se localizam perto das grandes instalações offshore do operador. Posto isto, as recentes prorrogações de licenças poderão ajudar a aliviar a pressão financeira e temporal na conclusão dos programas de perfuração, cujo estado permanece desconhecido para a maioria dos blocos.
Bloco 14
Em Fevereiro, a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis de Angola (ANPG) assinou um Memorando de Entendimento com o consórcio que detém e explora o Bloco 14 para prolongar o seu período de exploração até 2028. O consórcio é composto pela Chevron (31%), Sonangol (20%), Eni (20%), Total Angola (20%) e Galp Energia (9%).
O Memorando de Entendimento alterou os termos do acordo, visando um aumento da produção de crude que permitirá até 65% da recuperação dos custos em novas áreas de exploração a partir de 1 de Abril. O Bloco 14 produz atualmente cerca de 160.000 bpd de petróleo bruto médio-leve. O acordo previa igualmente o reajustamento do contrato de participação nos lucros para uma proporção de 80/20 e inclui a perfuração de um poço de exploração e de seis poços de desenvolvimento. A recuperação dos custos aumentará para 72,5% após a perfuração dos poços e a participação nos lucros passará para uma divisão de 90/10. O acordo destina-se às áreas da Tombwa-Lândana, Benguela, Belize, Lobito, Tomboco e Kui¬to, que serão fundidas numa nova área de comercialização coletiva, conhecida como Tombwa-Lândana, para servir de novo foco de exploração para os operadores.
Bloco 17
Em Dezembro de 2019, a Total assinou um acordo com a ANPG para prorrogar a sua licença no bloco 17 até 2045. A gigante francesa, que detém uma participação de 35%, explora o bloco em parceria com a Equinor (23,33%), ExxonMobil (20%), BP (16,67%). Ao abrigo do contrato de extensão, a Sonangol adquiriu uma participação de 5% no bloco e irá adquirir outros 5% em 2036. O Bloco 17 é o local do campo Girassol, a maior descoberta de petróleo alguma vez feita em Angola, e detém reservas estimadas em 2,9 mil milhões de barris, com um recorde de 17 descobertas feitas em 20 poços perfurados. Segundo a Sonangol, apenas 1.611 km² da área do bloco foram pesquisados, o que resulta em 67% da área ainda por explorar.
No Bloco 17 estavam inicialmente a ser desenvolvidos três projetos Brownfield de curto ciclo com o objetivo de adicionar 150 milhões de barris à sua produção total e 100.000 barris à sua produção diária. Foram igualmente previstas campanhas de exploração adicionais para desbloquear mais recursos, estando previstos dois poços para perfuração em 2020, embora seja provável que venham a ser adiados. O Bloco 17 continua a ser parte integrante dos planos da Total para aumentar a sua produção em Angola até 2023.
Bloco 15
Em Junho de 2019, o consórcio ExxonMobil que explora o Bloco 15 assinou um acordo de partilha de produção que prolongou as operações do bloco até 2032. Além disso, o consórcio aprovou um programa de perfuração plurianual que acrescentará 40.000 barris à produção atual do bloco após a conclusão pelo operador ExxonMobil. O projeto deverá gerar cerca de 1.000 postos de trabalho locais. Está prevista a instalação de uma nova tecnologia de infraestruturas no bloco, concebida para aumentar a capacidade das linhas de fluxo submarinas existentes e aumentar a produção.
Outras alterações ao acordo de partilha da produção incluem mudanças na propriedade. Nos termos do acordo, a ExxonMobil detém uma participação de 36% e explora o bloco em parceria com a BP (24%), ENI (18%) e Equinor (12%). Como parte do acordo, a Sonangol receberá uma participação de 10% do capital social do bloco. A ExxonMobil detém igualmente participações em três blocos de águas profundas, cobrindo quase dois milhões de acres em Angola, que oferecem oportunidades substanciais de desenvolvimento e um potencial bruto de recursos recuperáveis de aproximadamente 10 mil milhões de barris equivalente de petróleo. O Bloco 15 produziu mais de 2,2 mil milhões de barris de petróleo desde 2003.