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Um painel espcializado teve lugar na conferência Angola Oil & Gas (AOG) 2022, esta quarta-feira, onde se exploraram os principais motores e potenciais contribuições do gás natural em Angola, sob o tema “Gás Natural em Foco: Gas-To-Power (GTP), Petroquímica e GNL — Oportunidades Excepcionais para a Construção de Competências Futuras”.
Com reservas recuperáveis de gás natural estimadas em 27 triliões de pés cúbicos, Angola tem sido historicamente lenta a rentabilizar os seus recursos de gás, embora recentemente tenha lançado diversas iniciativas abrangentes de rentabilização e utilização de gás, com vista a emergir como agente regional de gás.
Moderado por Eric A. Williams, Presidente & Consultor Principal, Royal Triangle Energy Solutions Limited, os membros do painel incluíram Julius Rone, Diretor Executivo, UTM Offshore; Camilo Gomes, Diretor Financeiro, Certex Angola LDA; Ricardo Silva, Presidente da Associação Internacional de Negociadores de Energia e Sócio da Miranda & Associados; Rui Bastos, Global Risk, Perito em Energia, EY; Ronald Groot, Diretor Executivo, Angola, Siemens Energy; e Manuel Barros, Presidente do Comité Executivo, UNGER.
Williams deu início à discussão afirmando que “O gás natural é o recurso ideal que pode ajudar no desenvolvimento do continente.”
Uma vez que o o gás natural está cada vez mais posicionado como uma componente chave da transição energética e dos meios de gerar eletricidade, atenuando a escassez de combustível e diversificando os fluxos de receitas estatais, os setores público e privado de Angola implementaram uma ambiciosa campanha de rentabilização do gás, com oradores examinando o grau de preparação do país para se tornar um ator fundamental de gás regional.
“Até agora, temos todos os ingredientes para sermos um ator fundamental regional. Temos infraestruturas com um comboio de GNL com capacidade de expansão, bem como infraestruturas ligadas ao comércio. Temos países vizinhos com necessidade de gás. Estes são os ingredientes necessários para fazer de Angola um ator fundamental regional. O Estado Angolano providenciou um quadro legal para desenvolver estes recursos”, afirmou Barros.
Os membros do painel discutiram o modo como a expansão do gás natural em Angola — e em todo o continente — está em parte a ser alimentada pela transição energética global, com o gás a servir enquanto combustível fóssil relativamente limpo, libertando 50-60% menos emissões de combustão do que o carvão ou produtos petrolíferos.
De acordo com Rone “O gás é uma energia mais limpa. Para Angola, as oportunidades são enormes. Olhando para a tecnologia já comprovada, aquilo que se requer para poupar custos é a FLNG. Para nós, há uma oportunidade para Angola acompanhar a tendência do desenvolvimento do gás natural offshore e isso é possível por via do FLNG”.
O gás natural representa também uma solução crucial para atenuar a escassez de combustível em Angola, com a tecnologia Gas-To-Power (GTP) a oferecer uma rentável alternativa para a produção de energia. O país procura aumentar a sua taxa de eletrificação nacional para 60% até 2025, sustentada na nova capacidade de produção de energia elétrica renovável e alimentada a gás.
“O gás natural é uma fantástica fonte de energia complementar. Pode funcionar bem em conjunto com as energias renováveis já existentes em Angola. Se falamos de geração de energia a partir de turbinas a gás, elas são óptimas porque bastante flexíveis: podem arrancar e parar em minutos, ao contrário da energia solar e de outros recursos. Isto ajuda a garantir uma maior abrangência. A infraestrutura existente não cumpre as normas que são necessárias, por isso, até essa fase, a produção de energia a partir do gás natural é uma grande solução complementar de produção de energia”, afirmou Groot.
Enquanto o país exporta atualmente 95% da sua produção de gás natural sob a forma de Gás Natural Liquefeito (GNL), através do seu projeto Angola GNL, o seu objetivo será o de reter 25% da produção no país até 2030, por meio de indústrias de valor acrescentado associadas, incluindo petroquímicas, produção de fertilizantes, agricultura e manufatura. A fábrica de GNL de Angola no Soyo é presentemente a única instalação de rentabilização de gás do país, processando gás a partir de sete zonas offshore e representando um dos maiores investimentos de sempre na indústria angolana de petróleo e gás.
“Falamos sempre de Gas-To-Power mas esquecemo-nos de que este é apenas um dos lados da moeda. Precisamos de Gas-To-Power bem como de todas as infraestruturas que isso acarreta.” Temos de pensar nisto de forma estratégica, pois não se trata apenas de nos concentrarmos no Gas-To-Power, mas na realidade em todo o ecossistema de modo a melhorar a vida de todos”, afirmou Gomes.
Bastos alargou o tema do ecossistema do gás, afirmando que “O ecossistema como um todo precisa de ser analisado. Quando se olha para as tendências globais, está-se a olhar para a eletrificação a longo prazo da nossa sociedade. Com a eletrificação, começam-se a diversificar outras indústrias. Olhando para a utilização do gás através de outras formas de matérias-primas, há vastas oportunidades para a transformação de moléculas de gás para outras fontes. O segredo é disponibilizar as condições para desenvolver essas indústrias.”