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O Programa de Regeneração da Sonangol Irá Preparar a Indústria do Petróleo e Gás de Angola para o Futuro

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CEO da Sonangol, Sebastião Gaspar Martins

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Apesar do recente aumento do preço do petróleo como resultado do conflito entre Rússia e Ucrânia, grandes empresas no setor global de petróleo e gás continuarão a sentir mudanças significativas em seus modelos de negócios para assegurar sua sobrevivência e lucratividade. Mudanças no ambiente operacional global, incluindo transição energética, mudanças nos padrões de consumo, a mudança para outras fontes de energia, um enfoque na obtenção de liquidez zero e mudanças tecnológicas torna imperativo para empresas de petróleo e gás revisitar os mesmos modelos de negócios que os tornaram grandes potências gerando bilhões de dólares em receitas e lucros para acionistas. Grandes empresas internacionais de petróleo já iniciaram este processo, incluindo Totalenergies e Equinor, que chegaram ao ponto de mudarem suas marcas, em uma aposta para se posicionarem como fornecedores de soluções energéticas, ao invés de apenas empresas de petróleo e gás.

No caso das empresas nacionais como a Sonangol, essas receitas serviram como a base para gastos governamentais mais altos em todos os setores, crescimento e prosperidade. Tal gasto levou a Angola do pós-guerra a se tornar uma das economias mais prósperas da África em termos de PIB per capita, o qual era similar à média sub-saariana em 2000, e quase triplicou em 2014, quando comparada com outros países africanos.

Portanto é entendível que todo o governo de Angola veja a reestruturação da sua empresa nacional Sonangol, após múltiplas crises do setor petrolífero desde 2014 como crítica para o bem-estar de toda a sua economia, dada a importância do papel que a empresa tem na economia nacional. Vale a pena ressaltar, que a reestruturação da Sonangol é apenas uma parte de uma agenda mais ampla de reformas para toda a economia angolana, a qual o governo sob S.E. Presidente João Lourenço, iniciou, inclui a privatização de múltiplas entidades governamentais, a reforma do setor bancário, a reforma do mercado de trabalho, o fortalecimento das tentativas de diversificar a economia angolana, a priorização da agricultura, e a liberalização das leis de conteúdo local.

Desde o início do plano de regeneração em Novembro de 2018, a Sonangol tem visto mudanças sísmicas no jeito em que conduz negócios. O principal objetivo do programa, é reorientar a Sonangol para segmentos centrais do petróleo e gás, tornando-a mais competitiva e robusta, enquanto ao mesmo tempo inicia o processo de exploração de outros negócios energéticos como os renováveis, assim como mais recentemente o hidrogênio. A indicação do vetereno do setor do petróleo e gás, Sebastião Gaspar Martins, significa a entrega de uma liderança firme, em uma época quando a empresa assim como o setor petrolífero global está sem sombra de dúvidas passando por grandes mudanças. Os princípios centrais do programa de reestruturação incluem;

Separação da Função de Concessionária e transferência para a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis

Isso liberou a Sonangol da fundação reguladora no setor, trazendo a tão necessária transparência no relacionamento entre a Sonangol e outras operadoras no país. O resultado disso já pode ser visto na rápida aprovação de planos de trabalho da nova concessionária, a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis de Angola (ANPG), que levaram a descobertas bem-sucedidas e em desenvolvimentos de campos por parte de empresas petrolíferas como a Totalenergies e a ENI.

Desenvolvendo a capacidade da Sonangol como um operador upstream de classe mundial

Ceder o papel de concessionária, também proporcionou à Sonangol os recursos necessários e o foco para conduzir uma revisão do portfólio, que levou a vários ativos serem tidos como periféricos, alguns dos quais produzem petróleo para venda. Incluindo: Blocos 06/15, 31, 18, 3/05, 27, 23, e 4/02. A Sonangol recebeu várias ofertas e o processo de decisão das melhores ofertas ainda continua. É bem provável que o setor em Angola receba novos entrantes em 2022, com o compromisso de desenvolver esses blocos, que representam uma tremenda oportunidade em uma bacia petrolífera já aprovada, trabalhada e testada.

Em sintonia com as iniciativas de otimização do portfólio, a Sonangol procura desenvolver suas próprias capacidades em operar seus ativos preferidos de ponta a ponta, com o objetivo de produzir pelo menos 10% da produção nacional. Passos iniciais nessa direção incluem a aquisição competitiva de áreas de exploração onshore durante o leilão patrocinado pela ANPG no ano passado.

Adoção de um novo modelo organizacional

O novo modelo organizacional tem a função de facilitar a transição da Sonangol. Ele reduziu os departamentos de 21 para 12, dividiu quase cinco unidades centrais de negócios e uma empresa Holding que mantém ativos periféricos até sua eliminação gradual do grupo Sonangol. Isso reduziu custos com pessoal, aumentou a transparência, e reduziu a burocracia corporativa.

Reestruturação Financeira

Ao fim, o objetivo da reestruturação é levar a Sonangol de volta o rendimento de longo prazo, assim para se tornar novamente a base para impulsos positivos na economia angolana ao invés dos ônus que pareceu ter se tornado em anos recentes depois de anos de crise. Apesar da notificação de USD 4,1 bilhões logo após a pandemia global da covid-19, o colapso da demanda por petróleo e a precificação negativa temporária no mercado petrolífero, a Sonangol sem sombra de dúvidas fez progresso. A grande perda é também devido a realização de perdas que foram feitas em anos anteriores mas não registradas como tais. A venda em ativos periféricos, através do programa estatal PROPRIV, é esperado que renda bilhões de dólares que são esperados para apoiar a finalização bem-sucedida do programa de reestruturação.

Aumentando a criação de valor em Angola

Em uma tentativa de aumentar a criação de valor em Angola, a reestruturação da Sonangol ofereceu a oportunidade única para se referir à remodelação da refinaria de Luanda, assim como aumentar a capacidade industrial de refinamento e petroquímicos no país através da construção de uma nova refinaria. Diversos projetos de refinarias já estão à caminho, incluindo em Lobito e Cabinda. Esses não só aumentarão a criação de valor em Angola, levarão à facilitação da pressão em reservas de moedas fortes para a importação de produtos refinados, assim como construirão Angola com um grande fornecedor de produtos refinados para países vizinhos na região.

Evoluindo do petróleo e gás para uma empresa de energia

Em linha com parceiros da indústria, a Sonangol está se posicionando como uma fornecedora completa de soluções energéticas que vão além do petróleo e gás. O gás, que tradicionalmente recebe um papel limitado em Angola, está ganhando proeminência com a adoção de um plano para o gás. A nova Sonangol tem também colocado os recursos necessários no lugar para desenvolver um negócio de gás que não somente olha para como explorar petróleo e gás, mas também como comercializar gás para acender oportunidades.

Em parceria com outras empresas petrolíferas internacionais como ENI e Totalenergies, a Sonangol está investindo em projetos solares em Angola. Essa tendência possivelmente irá continuar.

Devido aos sucessos iniciais do programa de regeneração, é possível que a Sonangol dobre na direção atual, em uma aposta para assegurar estabilidade e entregar a base para a tão aguardada listagem internacional. O CEO, Sebastião Gaspar Martins, tem anteriormente indicado aos planos para flutuar 30% da empresa em uma bolsa com reputação internacional. Essas declarações foram tão bem ecoadas pelo Ministro de Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, S.E. Diamantino Azevedo que declarou que, “o programa de IPO faz parte da estratégia de longo-prazo da Iniciativa de Regeneração da empresa petrolífera nacional.

Esses e outros tópicos sobre o setor petrolífero de Angola e a Sonangol são previstos para estarem nos holofotes na edição deste ano da Angola Oil and Gas, programada para acontecer em 29, 30 de Novembro e 1 de Dezembro de 2022. A Angola Oil and Gas 2022 é a conferência oficial do Ministério de Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, e irá aproximar stakeholders da indústria de petróleo e gás de Angola, assim como investidores globais e empresas de serviços interessadas em oportunidades em Angola.

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Verner Ayukegba

Verner Ayukegba

Verner Ayukegba is a Senior Vice-President of the African Energy Chamber.

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