Com mais de 8,2 biliões de barris de reservas comprovadas de petróleo, e 13,5 triliões de pés cúbicos de gás natural, Angola tem potencial para se tornar num verdadeiro “hub” de energia para toda a região africana em que está inserida. A Companhia Nacional de Petróleos de Angola, Sonangol, pretende aumentar a capacidade de refinação do país através da introdução de melhorias na única instalação operacional do país, a Refinaria de Luanda, para que esta tenha capacidade de refinar até 65.000 barris por dia (bpd). Operada pela empresa de energia, Fina Petróleos de Angola, a Refinaria de Luanda abastece o mercado interno, mas ainda sem conseguir atender às necessidades da população angolana. O processo de modernização, anunciado pela Sonangol, terá o apoio da empresa italiana, Eni, e far-se-á através da instalação de duas unidades de processamento adicionais, bem como por meio do recurso de serviços fornecidos mediante contrato à KT-Kinetics Technology, responsável pela engenharia, aquisição e serviços de construção para a necessária actualização desta refinaria.
A actualização da Refinaria de Luanda implica um investimento de 235 milhões de dólares e permitirá quadruplicar a produção de combustível para aproximadamente 1.580.000 litros por dia, reduzindo assim o volume de importações até 15% ao ano.
A Sonangol e o Governo angolano pretendem, entretanto, aumentar a capacidade de “downstream” de Angola através da construção de três novas instalações. A Refinaria do Lobito, localizada nesta cidade, na província de Benguela, terá capacidade para produzir até 200.000 bpd e deverá iniciar as operações de refinação em 2025. A refinaria é detida em 70% por investidores privados, pertencendo 30% à Sonangol, cuja participação foi colocada em concurso público, em 2021, e motivou o interesse de vários intervenientes dos sectores, público e privado, da indústria petrolífera.
Outro projecto estrutural é a Refinaria de Cabinda, uma unidade de refinação com um custo de 920 milhões de dólares, localizada na Província de Cabinda. O projecto será desenvolvido por um consórcio formado pela empresa de gestão de investimentos Gemcorp, com uma participação de 90%, e pela subsidiária da Sonangol, Sonaref, que ficará com os restantes 10%. Os testes da primeira fase do projecto realizaram-se em Maio de 2022, e estiveram a cargo da empresa de serviços de engenharia de petróleo e gás, VFuel’s, em Houston, Texas, nos EUA, onde todos os componentes desta estrutura estão a ser construídos. A instalação terá uma capacidade de refinação até 60.000 bpd e irá produzir gasolina, gasóleo (diesel), Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), óleo combustível e combustível Jet A-1.
A Sonangol está também a construir uma refinaria no Soyo, na província do Zaire, em Angola. Trata-se de investimento de 3,5 mil milhões de dólares e que terá capacidade para processar até 100 mil bpd. O projecto está a ser desenvolvido pelo Consórcio Quanten, dos Estados Unidos – que integra as empresas norte-americanas TGT, Quantent e Aurum & Sharp, e ainda a angolana Atis-Nebest – sendo que a construção da refinaria teve início em 2022 com a primeira produção a estar prevista para o ano de 2024.
Uma estrutura igualmente importante é o terminal de armazenamento e processamento de Gás Natural Liquefeito (GNL), situado na Província do Zaire, que tem capacidade para processar 360.000 metros cúbicos de GNL, GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) e condensado. Projectada para receber 1 bilião de pés cúbicos por dia de gás natural, esta unidade está preparada para facilitar o desenvolvimento “offshore” contínuo, reduzindo a queima de gás e as emissões do efeito de estufa em Angola. Estruturado como um consórcio – com a Sonangol a deter 22,8%, a Chevron, uma das maiores empresas mundiais de petróleo e gás, a ficar com 26%, enquanto a TotalEnergies, BP e Eni controlam 13,6% cada – a central tem potencial para abastecer o mercado doméstico de Angola, e alcançar um volume padrão até 125 milhões de pés cúbicos por dia de gás, de forma a servir os mercados regional e internacional. Com um investimento que ultrapassa os 10 biliões de dólares, os serviços de engenharia e construção para esta instalação foram fornecidos pelas empresas norte-americanas Bechtel e ConocoPhillips.
A única unidade de mistura de Angola, que pertence e é operada pela Sonangol, abastece o mercado interno do país com óleos e graxas, minerais e sintéticos. Entretanto, com uma extensão de 1.400 km e uma capacidade proposta de 1 milhão de bpd, o oleoduto Angola-Zâmbia vai transportar produtos petrolíferos refinados desde a Refinaria do Lobito até Lusaka, capital da Zâmbia. Os operadores deste oleoduto incluirão a Sonangol e a empresa de oleodutos zambiana, Baseli Balisel Resources.
A rede de gasodutos de Angola consiste no Sistema de Pipelines Angola LNG, que transporta gás dos Blocos angolanos “offshore” 0, 14, 15, 17, 18, 31 e 32 para o Terminal Angola LNG. Com cerca de 500 km de extensão, e capacidade para transportar 750 milhões de pés cúbicos de gás natural por dia, estão já em curso planos de expansão do gasoduto para ligar os Blocos “offshore” 1 e 2 a esta rede.
Enquanto isso, a 60 km de Luanda, capital de Angola, o Terminal Oceânico da Barra do Dande está a ser desenvolvido pelo grupo empresarial brasileiro Novonor através da subsidiária Odebrecht Engenharia e Construção. O terminal terá capacidade para armazenar até 580.000m3 de derivados de petróleo, incluindo gasóleo (diesel), gasolina, e 102.000m3 de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) para abastecimento do mercado interno. Com um custo de 499 milhões de dólares, este será o maior terminal de produtos refinados da República de Angola.